segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Após assinatura oficial do Ponto de Cultura, IMA se prepara para as atividades do "Memórias em Movimento"

O Projeto é fruto do Programa Mais Cultura, através de ações diversificadas, que envolvem pesquisa, memória, educação, cinema, inclusão digital e promoção da cidadania através da construção do conhecimento sobre o passado da história do Movimento Estudantil
no Rio Grande do Sul


No dia 16 de dezembro, a presidente do IMA, Solaine Gotardo, assinou o convênio, com a FURG, em Rio Grande, através da rede que inclui outros Pontos de Cultura que foram contemplados na Região Sul, concluindo os dois anos que serão executados de projeto, em Pelotas e região.

Com a etapa alcançada na contemplação, Pelotas agora torna-se a única cidade do País com um Ponto de Cultura que resgata a história de um período tão efervescente na política, principalmente no âmbito estudantil. Nesse sentido, o Ponto de Cultura Memórias em Movimento, será expressado na memória do Movimento Estudantil Universitário Gaúcho, no período da redemocratização – 1977/1985, dialogando com assuntos como juventude, cultura e a política, desenvolvendo ao longo de dois anos, atividades culturais, de pesquisa, discussão, ensino e inclusão digital na região Sul, organizando seminários e oficinas, possibilitando, com essas diversas inserções, o alcance da comunidade para o contato com elementos significativos do período, com a criação de espaços que debatam e reflitam sobre o tema.

A primeira atividade do Instituto ligado ao Ponto de Cultura, conta com um Seminário aberto para a comunidade, marcado para abril de 2011, incluindo debates e discussões com diversos nomes, que, ativamente fizeram parte do Movimento Estudantil em âmbito estadual e nacional.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Dia Internacional de solidariedade ao povo palestino é comentado pelo cartunista Latuff

Carlos Latuff, cartunista brasileiro, mundialmente reconhecido como um dos principais cartunistas políticos da atualidade concedeu entrevista ao Programa Contraponto na RádioCom 104.5 FM hoje (29/11) e falou sobre o 29 de novembro: Dia Internacional de solidariedade ao Povo Palestino e sobre a violência no Rio de Janeiro sob uma visão diferenciada de um ativista social comprometido com as minorias.



>Ouça o áudio da entrevista com Carlos Latuff



*Texto publicado originalmente: http://radio-com.blogspot.com/

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ponto de Cultura em Pelotas fará resgate do Movimento Estudantil no RS

O Instituto Mário Alves (IMA), organização sem fins lucrativos, de estudos sociais e políticos, recentemente foi contemplado para tornar-se um Ponto de Cultura em Pelotas, inserido na área de Pensamento e Memórias, e articulado com outras áreas como Patrimônio Material e Culturas Digitais. O projeto é um dos 16 selecionados para integrar a rede de Pontos de Cultura da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), com unidades em diversos municípios, e receberá recursos do Programa Mais Cultura, do Governo Federal.

A proposta do IMA é investir o recurso de R$ 185 mil em linhas de ações diversificadas, que envolvem pesquisa, memória, educação, cinema, inclusão digital e promoção da cidadania com foco no passado, mais precisamente na história do Movimento Estudantil no Rio Grande do Sul.

O trabalho deve começar ainda este ano, e com isso, segundo os organizadores, Pelotas se tornará a única cidade do País com um Ponto de Cultura que resgata a história de um período tão efervescente na política, principalmente no âmbito estudantil. Nesse sentido, o Ponto de Cultura Memória do Movimento Estudantil Universitário Gaúcho no Período da Redemocratização – 1977/1985: Juventude, Cultura e Política, desenvolverá ao longo de dois anos atividades culturais, de pesquisa, discussão, ensino e inclusão digital na região, organizando seminários e oficinas, possibilitando, com essas diversas inserções, o alcance da comunidade a elementos significativos do período, com a criação de espaços para debates e reflexões sobre o tema.

O Movimento Estudantil já é uma das linhas de pesquisa desenvolvidas pelo IMA, e segundo o coordenador do projeto, Lauro Borges, a verba do Mais Cultura permitirá fazer com que as ações cheguem mais perto da comunidade. Com os recursos, além dos investimentos em pesquisa, serão adquiridos equipamentos de mídia que posteriormente poderão ser utilizados em outros projetos sociais e educativos, já que faz parte da contrapartida exigida pelo Ministério da Cultura a manutenção do Ponto de Cultura depois dos primeiros dois anos.

- Um dos grandes diferenciais será a produção um banco de memória através de entrevistas com militantes do movimento no Estado – antecipa Borges.

O Instituto Mário Alves fica na rua Andrade Neves, 821. Contato pelo telefone (53) 3025-7241


*Pulicado originalmente no Click RBS

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Brasil e Uruguai: As Marcas da Repressão e os Direitos Humanos

As ditaduras militares, as memórias, as lutas e os esquecimentos. Com contextualizações no eixo Brasil-Uruguai, o professor Enrique Padrós trouxe temas como esses à discussão na noite do último dia 3



Como parte da programação dos 135 anos da Bibliotheca Pública Pelotense, o Instituto de Estudos Políticos Mário Alves (IMA) abordou a ditadura militar como foco de discussão no encontro que teve a presença do professor de História da UFRGS, Enrique Serra Padrós.

“Brasil e Uruguai: As Marcas da Repressão e os Direitos Humanos” foi o tema que deu força a assuntos que Enrique abordou. Em sua fala, o professor analisou a cultura de luta enraizada no Uruguai e na Argentina, para a reparação do período ditatorial, diferentemente da realidade do Brasil que ainda se encontra num contínuo atraso de busca por punições e discussões sobre o assunto. Com ligações a histórias de partidos brasileiros, mídia de massa cumprindo um papel muito perigoso na influência da opinião pública e a preocupação que - ainda com um governo avançado, o tema da ditatura militar não tenha sido uma preocupação nos anos do governo Lula, o professor atentou para o esquecimento que o Brasil vive em sua memória sobre o período de mortes e repressão daqueles que buscavam liberdade.

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Participaram da mesa Getúlio Matos (representante da Bibliotheca);
Lauro Borges (representante do IMA) e o palestrante Enrique Padrós.

Confira mais fotos do evento clicando aqui.



“Só vos peço uma coisa: se sobreviverdes a esta

época, não vos esqueçais nem dos bons, nem dos
maus(..) Eles eram pessoas e tinham nomes, rostos,
desejos e esperanças, e a dor do último não

era menor do que a dor do primeiro, cujo nome há
de ficar...”

(Júlio Fuchik, 1980)


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

IMA no 135° Aniversário da Bibliotheca Pública Pelotense

*Ouça o áudio da entrevista com o Professor de história da UFRGS Enrique Serra Padrós na RádioCom 104.5 FM no Programa Contraponto de hoje (03/11):


A Bibliotheca Pública Pelotense está completando 135 anos de fundação e para comemorar esta data, estão sendo realizadas uma série de atividades que compõem o evento BPP 135 Anos: Letras e Versos de Fronteira.

Como parte desta programação, o Instituto de Estudos Políticos Mário Alves (IMA) estará realizando uma palestra com o professor de História da UFRGS Enrique Serra Padrós, intitulada Brasil e Uruguai: As Marcas da Repressão e os Direitos Humanos.

Na palestra, o professor abordará o tema das ditaduras militares nos dois países e os diferentes estágios da luta contra o esquecimento das marcas deixadas por um período de força e terror, abarcando os aspectos jurídicos e históricos deste processo.

Assim, queremos convidar a todos para esta importante atividade, que será realizada na próxima quarta-feira, dia 3 de novembro, às 19 horas, no andar térreo da Biblioteca.


Participe e divulgue!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Memória Histórica e Transformação de Conflitos em El Salvador e a Cooperação Sul-Sul brasileira


Convidamos a todos para o painel e exposição fotográfica “Memória Histórica e Transformação de Conflitos em El Salvador e a Cooperação Sul-Sul brasileira” que será realizada pelo jornalista Aleksander Aguilar no auditório do Campus II da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), às 19h, no dia 27 de maio (quinta -feira).

A promoção é do Instituto de Estudos Políticos Mário Alves (IMA) em parceria com o Diretório Central dos Estudantes e Diretório Acadêmico Wladimir Herzog da Escola de Comunicação Social da UCPel.

O painel abordará alguns dos resultados da sua pesquisa de mestrado recentemente concluída em Barcelona que coloca em evidência a crescente influência do Brasil istmo centro-americano, além de analisar as semelhanças dos processos por Memória Histórica nos dois países.

A exposição permanecerá no saguão do Campus II da UCPel até o final dessa semana e a partir do dia 31/05 até 10/06 será apresentada na sede do Instituto Mário Alves. Após esse período disponibilizaremos as imagens para exposição em outros locais (como colégios, sindicatos, associações, universidades, etc). Interessados podem fazer contato conosco.

Cartaz de divulgação: foto do arquivo do Museu da Imagem e da Palavra de El Salvador - MUPI que representa um pouco o estilo da exposição.

Onde: Campus II
Quando: 27/05 (quinta-feira)
Horário: 19h

quinta-feira, 18 de março de 2010

Ditadura Militar é apenas o primeiro tema programado para 2010 pelo IMA

Debate e apresentação de documentário abrem programação cultural do IMA

O Instituto Mário Alves traz mais uma vez a discussão sobre a Ditadura Militar para Pelotas. A atividade volta o debate sobre a Ditadura no Rio Grande do Sul, mais especificamente em Porto Alegre. A proposta é apresentar um filme e logo em seguida promover o debate em torno da resistência à Ditadura Militar no RS através dos depoimentos apresentados.

O filme escolhido foi “Arquivos da Cidade”, produzido pela Modus Produtora e dirigido por Felipe Diniz e Luciana Knijnik. O filme narra, a partir de histórias contatas pelos próprios protagonistas, as memórias da resistência a Ditadura Militar em Porto Alegre no período de 1964 a 1985. Os depoimentos foram gravados em 2009.

Um debate com os diretores do filme Felipe Diniz e Luciana Knijnik e com as professoras Cíntia Langie (Curso de Cinema e Animação – UFPel) e Alessandra Gasparotto (História – CAVG/UFPel) também fazem parte da programação.

A importância da participação da comunidade pelotense na atividade está na valorização da nossa história, mas principalmente na reflexão e discussão sobre os crimes cometidos durante a Ditadura Militar e que mesmo nos dias atuais não foram punidos.

Quando? 31 de março
Horário? 19h30
Onde? Auditório Central da UCPel (Campus I – Rua Félix da Cunha, 412)



Saiba mais sobre o Filme
Arquivos da Cidade
O documentário Arquivos da Cidade, realização da Modus Produtora, será lançado na Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro no dia 28 de agosto – mesma data em que se completam 30 anos da lei de anistia no Brasil. O filme apresenta, 45 anos depois, histórias de resistência à ditadura militar com o foco no Rio Grande do Sul, contadas pelos próprios protagonistas. A trilha sonora é de Marcelo Fruet e vai contar também com música de Nei Lisboa.
Arquivos da Cidade aborda o período de 1964 a 1985 e tem como pano de fundo, manifestações culturais, sociais e econômicas da época. Através de depoimentos de seis militantes, presos políticos e familiares, o documentário revela como essas pessoas vivem hoje, as marcas que carregam, tornando públicas trajetórias desconhecidas.

Os depoimentos dos personagens foram gravados, em maio de 2009, no palco do Teatro de Arena que, na ditadura, caracterizou-se em Porto Alegre como espaço de encontro e resistência à opressão vigente, são eles: Lino Brum, irmão de Cilon Cunha Brum, um dos quatro gaúchos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia; Ignês Serpa Raminger, uma das mulheres que participaram ativamente da luta armada no estado, mais conhecida na época como “Martinha”; Bona Garcia, miltante político que foi preso e forçado a viver no exílio por muitos anos; Gregório Mendonça, operário que participou de diversas ações de contestação à ditadura militar, desde a tentativa de sequestro ao cônsul norte-americano, passando pela guerrilha do Caparaó, permanecendo por oito anos nos cárceres da ditadura brasileira; Carlos Alberto Tejera De Ré, militante do movimento estudantil preso na Ilha Presídio, hoje chamada de Ilha Pedras Brancas; e Antonio Losada, sindicalista preso por muitos anos e um dos últimos a serem libertados.

Os depoimentos tratam de temas como clandestinidade, prisão, tortura, perseguição política e militância. Muitos morreram, outros enlouqueceram, alguns seguem na militância e muitos ainda se esforçam para superar ou esquecer momentos de quase insuportável dor. Paradoxalmente, alguns se referem a esse período como um dos melhores de suas vidas, mostrando aspectos como o sentimento de liberdade, o companheirismo e a esperança de um Brasil melhor. Intercalam os depoimentos imagens de arquivo, resultado de pesquisa, envolvendo fatos inusitados, movimentos políticos e culturais que marcaram os 21 anos de ditadura no Brasil.
O documentário tem financiamento do Fumproarte/Prefeitura de Porto Alegre.


Ficha técnica
Direção: Felipe Diniz e Luciana Knijnik
Produção Executiva: Cris Reque
Direção de Fotografia e imagens: Mirela Kruel
Direção de Produção: Cris Reque
Iluminação de cena: Claudia de Bem
Som Direto: Leandro Lefa
Pesquisa: Ananda Simões
Montagem: Fabio Lobanowsky
Trilha sonora original: Marcelo Fruet e Boto Stanley
Canção: Nei Lisboa
Material gráfico: Pedro Engel
Fotógrafa still: Fernanda Chemale
Realização: Modus Produtora
Financiamento: Fumproarte

Os diretores
Felipe Diniz é documentarista e sócio da Modus Produtora de Imagens, onde há seis anos roteiriza, produz e dirige vídeos institucionais, experimentais e documentários.
Luciana Knijnik é militante de direitos humanos. Como parte de sua dissertação de mestrado, na Universidade FederalFluminense/RJ, realizou o curta Fala Corpo, no qual produz arquivos sobre a experiência da tortura no Brasil. É psicóloga e membro da Equipe Clínico-jurídica do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro. Publicou artigos sobre o tema em livros e periódicos.

Apoiadores: DCE/UCPel, DA Comunicação/UCPel, DA Direito/UCPel, DA Filosofia/UCPel, ADUFPel, Sebo Icária e RádioCom 104.5 FM

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

GRAMSCI


Nascido no norte da ilha mediterrânea da Sardenha, numa aldeia denominada Villa Cisper, Gramsci era o quarto dos sete filhos de Francesco Gramsci, um homem que tinha vários problemas com a polícia.
Tendo sido um bom estudante, Gramsci venceu um prêmio que lhe permitiu estudar literatura na Università di Torino. Gramsci, em Torino, tornou-se jornalista. Seus escritos eram basicamente publicados em jornais de esquerda como Avanti (órgão oficial do Partido Socialista). Sua prosa e a erística de suas observações lhe proporcionaram fama. Sendo escritor de teoria política, Gramsci produziu muito como editor de diversos jornais comunistas na Itália. Entre estes, ele fundou juntamente com Palmiro Togliatti em 1919 L'Ordine Nuovo, e contribuiu para La Città Futura.
O grupo que se reuniu em torno de L'Ordine Nuovo aliou-se com Amadeo Bordiga e a ampla facção Comunista Abstencionista dentro do Partido Socialista. Isto levou à organização do Partido Comunista Italiano (PCI) em 21 de janeiro de 1921. Gramsci viria a ser um dos líderes do partido desde sua fundação, porém subordinado a Bordiga até que este perdeu a liderança em 1924. Suas teses foram adotadas pelo PCI no congresso que o partido realizou em 1926.
Em 1922 Gramsci foi à Rússia representando o partido, e lá conheceu sua esposa, Giulia Schucht, uma jovem violinista com a qual teve dois filhos.
Esta missão na Rússia coincidiu com o advento do fascismo na Itália, e Gramsci - que a princípio havia considerado o fascismo apenas como uma forma a mais de reação da direita - retornou com instruções da Internacional no sentido de incentivar a união dos partidos de esquerda contra o fascismo. Uma frente deste tipo teria idealmente o PCI como centro, o que permitiria aos comunistas influenciarem - e eventualmente conseguirem a hegemonia - das forças de esquerda, até então centradas em torno do Partido Socialista Italiano, que tinha uma certa tradição na Itália, enquanto o Partido Comunista parecia relativamente jovem e radical. Esta proposta encontrou resistências quanto a sua implementação, inclusive dos comunistas, que acreditavam que a Frente Única colocaria o jovem PCI numa posição subordinada ao PSI, do qual havia-se desligado. Outros, inversamente, acreditavam que uma coalizão capitaneada pelos comunistas acabasse ficando distante dos termos predominantes do debate político, o que levaria ao risco do isolamento da Esquerda.
Em 1924, Gramsci foi eleito deputado pelo Veneto. Ele começou a organizar o lançamento do jornal oficial do partido, denominado L'Unità, vivendo em Roma enquanto sua família permanecia em Moscou.
Em 1926, as manobras de Stalin dentro do Partido Bolchevista levaram Gramsci a escrever uma carta ao Komintern, na qual ele deplorava os erros políticos da oposição de Esquerda (dirigida por Lev Davidovitsch Bronstein e Zinoviev) no Partido Comunista Russo, porém apelava ao grupo dirigente de Stalin para que não expulsasse os opositores do Partido. Togliatti, que estava em Moscou como representante do PCI, recebeu a carta e a abriu, leu e decidiu não entregá-la ao destinatário. Este fato deu início a um complicado conflito entre Gramsci e Togliatti que nunca chegou a ser completamente resolvido. Togliatti, posteriormente, divulgaria a obra de Gramsci após sua morte, mas evitou cuidadosamente qualquer menção às suas simpatias por Trotsky.
Em 8 de novembro de 1926, a polícia italiana prendeu Gramsci e o levou a prisão romana Regina Coeli. Foi condenado a 5 anos de confinamento (na remota ilha de Ustica); no ano seguinte ele foi condenado a vinte anos de prisão (em Turi, próximo a Bari, na Puglia). Sua saúde neste momento começava a declinar sensivelmente. Em 1932, um projeto para a troca de prisioneiros políticos entre Itália e União Soviética, que poderia dar a liberdade ao Gramsci, falhou. Em 1934 sua saúde estava seriamente abalada e ele recebeu a liberdade condicional, após ter passado por alguns hospitais em Civitavecchia, Formia e Roma. Gramsci faleceu aos 46 anos, pouco tempo depois de ter sido libertado.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Mário Alves de Souza Vieira - 40 anos


Jornalista, fundador e principal dirigente do PCBR, foi morto em 17/01/70, no Rio de Janeiro, aos 46 anos, sob brutais torturas. Seu nome
integra a lista de desaparecidos anexa à Lei nº 9.140/95 . Baiano de Sento Sé, fez o curso secundário em Salvador, iniciou sua militância
política aos 16 anos e foi um dos fundadores da União dos Estudantes da Bahia. Durante o Estado Novo, participou de congressos e atividades
da UNE. Formou-se em Letras, em Salvador, mas nunca chegou a buscar o diploma.
Em 16 de janeiro de 1970, perto das 20:00 horas, saiu de sua casa, no subúrbio carioca de Abolição, e nunca mais voltou. Foi preso pelo
DOI-CODI/RJ nessa data e morreu no dia seguinte nas dependências do quartel da rua Barão de Mesquita. As ilegalidades que cercaram a
prisão e assassinato do jornalista começaram a ser levadas ao conhecimento das autoridades judiciárias do regime militar em 20/07/1970,
denunciadas por presos políticos. Entretanto, o crime nunca foi apurado.

Em depoimento à 2ª Auditoria do Exército, no Rio de Janeiro, em 20/07/1970, Salatiel Teixeira Rolins, que seria morto por seus próprios companheiros
após ser solto, “afirma que pertencia ao PCBR, tendo presenciado o espancamento e tomou conhecimento da prisão do jornalista Mário Alves
no dia 16/01/1970, que faleceu em vista de brutal espancamento que recebera e pela introdução em seu ânus de um pedaço de vassoura”.
Carta endereçada ao então presidente da OAB, Eduardo Seabra Fagundes, em 15/07/1980, pelo advogado Raimundo José Barros Teixeira
Mendes, denuncia que, no dia 16/01/1970, por volta de 20h, Mário Alves chegou preso ao local onde ele também estava detido, o quartel
da Policia do Exército, na rua Barão de Mesquita, na Tijuca, tendo ouvido todo o interrogatório, que se estendeu até cerca de 4 horas da
manhã. Declarou ainda que viu Mário Alves pendurado no pau-de-arara e ser carregado da cela já quase sem vida.

Em A Ditadura Escancarada, Elio Gaspari narra da seguinte forma as condições da morte de Mário Alves:
“No fundo do corredor havia cinco pequenas celas, cada uma com um colchão de palha no chão, um buraco sanitário no fundo e uma janela
gradeada perto do teto. Nelas ficavam os presos que a qualquer momento poderiam ser levados para a Sala Roxa. Não porque houvesse
tanta pressa em trazê-los, mas para que ouvissem o que acontecia ao lado. Numa dessas masmorras estava Antônio Carlos de Carvalho.

Noutra, Raimundo Teixeira Mendes. Eles ouviram:
- ‘Teu nome completo é Mário Alves de Souza Vieira?’
- ‘ Vocês já sabem’.
- ‘Você é o secretário-geral do comitê central do PCBR?’
- ‘Vocês já sabem’.
- ‘Será que você vai dar uma de herói?’

Mário Alves ficou oito horas na Sala Roxa. No início da manhã seguinte o cabo da guarda chamou quatro prisioneiros para limpá-la. Num
canto, havia um homem ferido. Sangrava pelo nariz e pela boca. Tinha sido empalado com um cassetete. Dois outros presos, militantes do
PCBR, reconheceram-no, deram-lhe de beber e limparam-lhe o rosto”.
No livro Combate nas Trevas, Jacob Gorender, também dirigente do PCBR e preso quatro dias depois, acrescenta detalhes sobre as torturas:
“Horas de espancamentos com cassetetes de borracha, pau-de-arara, choques elétricos, afogamentos. Mário recusou dar a mínima informação
e, naquela vivência da agonia, ainda extravasou o temperamento através de respostas desafiadoras e sarcásticas. Impotentes para
quebrar a vontade de um homem de físico débil, os algozes o empalaram usando um cassetete de madeira com estrias de aço. A perfuração
dos intestinos e, provavelmente, da úlcera duodenal, que suportava há anos, deve ter provocado hemorragia interna”.


Fonte: Livro "Direito e Memória à Verdade: Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidops Políticos."